quinta-feira, 4 de março de 2010

Buscou inspiração de onde não havia mais. Tentava escrever o que não podia explicar. Mil palavras procurou, mais mil pensamentos teve. Tudo foi em vão. Todas as tentativas foram fracassadas. Não podia mais dizer o que já não sabia se era real. A vida havia lhe surpreendido, mudou completamente seu destino. Destino que imaginava ter. E o problema era esse: imaginava. Quantas coisas imaginava... Idealizava, sonhava, achava. Achava... Não sabia de nada.

Era uma tarde cinzenta. O tempo feio, fechado. O céu nublado, escondendo o lindo azul que ela tanto gostava. Suas orelhas frias ouviram claramente a última palavra:
- Acabou.
Em questão de segundos, seu coração que até pouco tempo estava aquecido pelo mais puro amor, congelou. Respirou fundo, não havia ar. O frio daquele dia penetrou em seu corpo, deu voltas em seu estômago. Sentiu calafrios. As borboletas em sua barriga, pousaram bruscamente. Percebeu que suas pernas perdiam a sustentação, fechou os olhos e caiu devagar no chão que já não existia.

[Continua]

Escrito a ti por: Flora Lis
Por que este rosto,
Que me sorria todas as manhãs,
Agora chora?
Dizia-me um lindo: "Bom dia!",
Com toda graça e alegria.
Agora assim te vejo,
Cabisbaixo.
Que há, minha doçura?
Tu não és assim.
Trago em minha memória lembranças de teus sorrisos,
Brincadeiras, loucuras, risos.
És feliz.
Sim, essa vida nos surpreende.
Há dificuldade e injustiça.
Há dor, tristeza, sofrimento e rancor.
Ora é leve como uma pluma,
Nos faz gozar da liberdade,
Vibrar de felicidade.
Para tão logo,
Transformar-se em tempestade,
Destruindo tudo o que há de bom.
Que maldade!
Mas levanta tua cabeça, meu bem.
Não quero vê-lo assim.
Te ajudarei a encontrar uma solução.
Estou aí contigo,
Mesmo que não estejas aqui comigo.
Há sempre uma saída,
Ohe para teu coração.
Mantenha a fé,
Ele é grande,
Sabe o que faz,
Não desista jamais.
Fecha teus olhos,
Sinta meu amor.
O teu completa-me.
Te darei força,
Assim farei.
Eu sempre te amarei...
Agora sorria.


Escrito a ti por: Flora Lis

terça-feira, 2 de março de 2010

Sabe, era como se ela estivesse dentro de um carro, ocupando constantemente o banco do passageiro. Às vezes, tinha outra pessoa sentada ao lado, dirigindo, sem rumo. Antes as portas permaneciam fechadas. Ela decidiu então, abrir uma janela e pela janela aberta, ela conseguiu ver um pedacinho do mundo e começou a dividir o carro.
Por alguma razão, o banco ao lado sempre voltava a ficar vazio. Não sei, acho que as pessoas que dirigiam o carro chegavam onde queriam chegar, então abriam a porta e saíam. E ela ficava lá, esperando a próxima pessoa que guiaria o carro. Até que cansou. As pessoas ainda a deixam de vez em quando, mas não faz tanta diferença, são só pessoas no banco do passageiro. Ela consegue guiar o carro, sozinha agora.


Escrito a ti por: Monica Vaz
Naquela manhã, o dia nasceu devagar, diferente dos outros, em que ela acordava com o sol no seu rosto. Levantou antes mesmo que o despertador tocasse, já começava a sair da rotina, normalmente se atrasava. Seus cabelos estavam especialmente bonitos naquele dia. Olhou-se no espelho e, surpreendentemente, viu-se bonita também. Sentiu-se feliz. Saiu de casa com o coração cheio de esperança, imaginava que aquele dia seria muito bom.

No seu trabalho, todos a olharam diferente. Sentiu-se mais e mais feliz. A cada momento daquele dia, que ia passando rápido, mais grata ela estava por está sendo, finalmente, reconhecida. Seu café estava menos amargo, o sol brilhava numa intensidade que ofuscava seus olhos. O céu num lindo azul, visto de dentro da repartição. Fazia seu trabalho com toda boa vontade. Tudo tinha mais cor, mais graça. Seu coração se enchia de alegria. Aquela moça fria, fechada em seu mundo, escondida, tímida, reprimida, agora estava esbanjando charme e distribuindo sorrisos. Algo estava acontecendo, e todos queriam saber o quê.

Ao terminar o espediente, alguém estava lá embaixo, esperando por ela, ansiosamente. Era um rapaz. Alto, magro, bem vestido, de olhos encantadores. Tinha mãos bonitas, que logo seguraram as suas. Ele estava apaixonado. A reciprocidade existia ali, a verdade era explícita. No dia anterior, haviam sido pegos de surpresa. Suas almas reconheceram-se de imediato.

Logo todos entenderam. Ali estava o motivo de toda transformação. Era o amor, e havia lhe devolvido a vida.

(Escrito a ti por: Flora Lis)

Escrevendo a ti...

Escrevo a ti, porque para falar não há coragem. Escrevo a ti, porque de tanto que tenho para dizer, antes preciso organizar as palavras. Escrevo a ti, porque já não tenho mais voz, pois já contei demais sobre nós. Escrevo a ti, porque escrevendo expresso-me melhor, da forma que me for conveniente. Escrevo a ti, porque seus olhos me reprimem. Escrevo a ti, porque há muito no interior do mesmo corpo que lhe abraça. Escrevo a ti, para registrar nossos momentos, porque tudo, um dia passa. Escrevo a ti, minha vida, meu anseios, meus amores, meus desejos, minhas dores.
Escrevo a ti, além de tudo o que convém duas almas, uma história contada. Escrevo a ti, contos, invenções, fantasias, até coisas reais, da minha realidade, ou da sua. Mas que serão subentendidas pela narração a terceira pessoa. Escrevo a ti, o que fluir desse coração, o que surgir da minha imaginação. Escrevo a ti, somente se, escrever a ti.


Escrito a ti por: Flora Lis.